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[WEBINAR] Conversas sobre o coronavírus: Perspectivas globais sobre academias e atividade física

Written by Mariana Pessoa | Apr 23, 2020 2:02:59 PM

Neste webinar, a IHRSA entrevistou duas personalidades, cada uma trazendo uma visão internacional sobre como desenvolver uma estratégia de recuperação na sua academia, em uma dinâmica de Q&A (do inglês, perguntas e respostas). Você pode conferir o webinar na íntegra por meio deste link, ou acompanhar a transcrição dos principais pontos traduzida para o português neste artigo.

Em primeiro lugar, a Dra. Fiona Bull, da Organização Mundial da Saúde (OMS), aborda o impacto da pandemia na atividade física e explica como as academias exercem um papel crucial para manter a população em movimento.

Em seguida, Walter MacDonald, diretor de operação fitness no CW Group, descreve as táticas que aprendeu enquanto gerenciava academias em Shenzhen, na China.

 

Quais são os planos da OMS para ajudar a promover a importância do exercício físico em meio ao isolamento?

FIONA: O objetivo de participar desta sessão de perguntas e respostas é de buscar informações para auxiliar os governos que pedem orientação à OMS, e eles por sua vez traduzirem para os seus idiomas e culturas locais. As respostas estão no Q&A, mas novamente, eu gostaria de reforçar a mensagem de estar ativo e ficar atento para as diversas oportunidades com esse objetivo, como as aulas e materiais de streaming online que muitos dos operadores de academias estão desenvolvendo, bem como de outras fontes.

Estamos nos certificando de que a importância da atividade física seja divulgada a todos. Também estamos enfrentando alguns desafios, e o Dr. Tedros (Adhanom Ghebreyesus) identificou cinco áreas essenciais, uma delas é a atividade física. O convite de alguns dos principais influenciares de mudanças de hábito no mundo, como os grandes jogadores de futebol, com uma parceria com a FIFA estão incentivando as pessoas a serem mais ativas todos os dias.

Estamos procurando maneiras de conectar-nos com pessoas que no momento acham muito difícil praticar exercícios, e estamos reforçando os muitos benefícios da atividade física.

Portanto, estão sendo realizadas várias ações diretamente da sede da OMS e escritórios regionais em cada um dos continentes, complementando este objetivo e também respondendo à solicitações da população. Este webinar é uma oportunidade importante para discutir a inatividade física, e estamos considerando realizar seminários on-line sobre tópicos importantes. E, é claro, a OMS realiza reuniões com a mídia para se comunicar sobre este desafio, assim como sobre o COVID todos os dias.

 

As propagandas virtuais de muitas academias mostraram uma mudança nas operações online. Elas estão oferecendo aulas, treinamento e outros serviços gratuitamente. Enquanto conversávamos pelo GAPPA, você procurou garantir que chegássemos àquelas partes vulneráveis ​​da população ​​com menor probabilidade de serem pessoas fisicamente ativas, como pessoas com doenças crônicas, deficiências, mulheres, idosos, crianças.

Você pode falar sobre algo que as academias podem fazer para garantir que seu serviço seja acessível a essas pessoas? Existem recursos da OMS que os ajudaria nesse processo?

FIONA: Não há recursos da OMS, pois não somos um provedor de recursos diretos nesse sentido. Mas é claro que a indústria possui uma enorme capacidade, conhecimento e experiência nessa área.

Eu acho que sua pergunta realmente provoca um ponto importante. Aqueles que já são ativos têm mais probabilidade de saber para onde ir e como encontrar atividades que atendam às suas necessidades, ou se estão restritos a estar em casa ou isolados. Nossa preocupação é com aqueles que talvez não sejam tão ativos, que não vão regularmente às academias. Eles podem não saber que seus recursos estão disponíveis. Então, você precisará se comunicar com novos recursos.

Em seu questionamento específico, existe uma preocupação sobre o serviço estar no nível certo, na intensidade certa, na velocidade certa para pessoas mais velhas ou menos ativas. Eu sei como está a condição das pessoas, e a minha formação é em prática de esportes como professora e treinadora. Todos nós sabemos como fazer esses programas adaptativos, e convidar estes que são menos ativos, com cuidado, talvez pessoas acima do peso, um pouco receosos ou com lesões. Eu sei que o setor pode corresponder. Existe inovação, criatividade, e eu convidaria você a ter certeza de que pode promover estes recursos, e aqueles que têm maior necessidade podem te encontrar. Convido você a pensar em como você pode fazer isso. É um desafio, mas espero que você possa encontrar maneiras de fazer isso para alcançar as pessoas que realmente precisam.

 

Como será a academia do futuro e o que devemos considerar quando elas puderem reabrir?

FIONA: As academias do futuro podem parecer diferentes na forma como as pessoas pagam para serem membros, tornando mais opções fáceis para se matricular, e variar o que você faz para alcançar mais usuários e maior nível de retenção dos associados. Acho que há uma oportunidade real para que a indústria faça um balanço, porque, coletivamente, o mundo não estava suficientemente ativo. As doenças crônicas são a principal causa de morte, e permanecerá assim por causa do nosso estilo de vida, por não sermos ativos o suficiente. Haverá mudanças, mas espero que elas sejam positivas em relação a isso. Eu acho que as academias podem ir além das quatro paredes e estar muito engajadas nas comunidades de maneiras diferentes, e muito mais conectadas à agenda local e nacional, e à promoção da atividade física de modo geral.

Estou ansiosa para discutir as mudanças que deveriam ter ocorrido de qualquer maneira e como elas serão solicitadas no contexto do COVID, e também, para aprender agora com Walter sobre como isso já está em andamento, nos contextos da China e de outros lugares.

 

Os seus instrutores e clientes contam com um sistema de reservas e número total de pessoas? Os seus clientes e treinadores tem que agendar em algum sistema?

MACDONALD: Sim. Normalmente, as pessoas precisariam reservar com antecedência, mas como estamos limitados na quantidade de pessoas na academia, usamos nossos ciclos para treinar exatamente as mesmas pessoas. De qualquer maneira, antes de tudo isso, a maior parte dos serviços de personal trainers já eram reservados on-line com antecedência.

 

Você mencionou que seus membros precisam treinar com máscaras, e que eles precisam trocá-las com frequência. A academia está fornecendo as máscaras ou os clientes precisam trazer as suas próprias mascaras?

MACDOLAND: Nós fornecemos, mas isso depende das políticas adotadas pela região de cada unidade. É uma das coisas que queríamos fazer especialmente para nossos clientes. Sabemos que a experiência de se exercitar com mascara é muito difícil, mas é essencial. Não há outra maneira. Eles suam e dizem que é extremamente desconfortável, por isso, oferecemos quantas trocas desejarem.  

 

Como a retenção de clientes foi afetada? Você perdeu muitos alunos? Como está trabalhando para recuperá-los?

MACDONALD: É um pouco difícil quantificar agora e, como nossos alunos ainda estão voltando, os dados que temos ainda não dão um panorama completo dos números que estamos retendo. Acho que assim que começarmos a retornar às operações normais, poderemos avaliar e começar a ver as tendências mais precisas. Mas, até agora, não prevemos efeitos negativos muito alarmantes.

 

Quais são suas recomendações para evitar o cancelamento ou congelamento dos contratos? Como podemos nos comunicar melhor com nossos clientes?

MACDONALD: Naturalmente, congelamos os contratos e depois reativamos quando a academia reabriu. Basicamente, adicionamos um período à data de vencimento dos contratos, incluindo o serviço de personal trainer.

Usamos um canal de comunicação que se chama WeChat, uma plataforma para todos. Adotamos uma postura muito proativa para permitir que os clientes enviem suas preocupações. Antecipamos os problemas e as necessidades deles. O contrato foi congelado automaticamente e depois descongelado quando a academia reabriu.

 

Quais são suas recomendações para o distanciamento social dentro do estabelecimento, uma vez que seja possível reabrir?

MACDONALD: Existem várias orientações. Para nós, é 1 metro, mas na região oeste eu vi de 1 a 4 metros. Possivelmente no nosso caso 1 metro seja devido ao uso de máscaras. Talvez se todo mundo usar máscaras pode-se estar mais próximo, mas não tenho certeza. Se estiver no ambiente da academia com um distanciamento social com menos de 4 metros, talvez não seja possível reabrir a sua academia, e nem seja realista operar dessa forma.

Dependendo do tamanho da academia e para evitar cometer erros, por precaução, eu diria que não queremos preocupar os clientes. Definimos um máximo de 30 pessoas por ciclo, e não planejamos aumentar isso até que as condições permitam. Muitos de nós, por exemplo, temos os equipamentos de exercícios aeróbicos praticamente lado a lado. Tiramos algumas máquinas para um distanciamento mais natural.

 

Quais são as suas dicas rápidas para reabrir a academia e as fases, considerando academias em que há piscinas para crianças, exercícios em grupos, etc?

MACDONALD: Nós reabrimos em etapas. Principalmente para ter mais controle sobre as atividades se tivéssemos contratempos, pois não sabíamos qual seria a política do governo. É importante ser muito cauteloso com isso, porque trata-se de um cenário com muitas incertezas. Nenhum de nós quer reabrir de uma vez e depois ser fechado por não conseguir manter os procedimentos com rigor ou com poucos clientes entrando.

Obviamente, isso depende do tipo e do tamanho do estabelecimento que você gostaria de reabrir. Cabe a cada operador e seus ambientes. Para piscinas, a partir de agora, não podemos reabrir e não vamos esperar uma reabertura. As academias que têm crianças que brincam em áreas incorporadas às piscinas nós ainda não abrimos.

 

A mesma pergunta que fizemos à Fiona antes: como é a academia do futuro? O que devemos considerar na hora de reabrir?

MACDONALD: A pergunta é desafiadora para mim também, como é para qualquer um, mas darei o meu melhor.

Sobre o que você deveria considerar, acho que respondi a maioria na apresentação. Mas eu diria tudo. Você tem tempo e, provavelmente, a pressão financeira para analisar todos os detalhes do que faz, e o impacto de tudo isso na comunidade. Eu diria também para você se ater aos seus valores fundamentais. Lembre-se do motivo pelo qual você começou no seu negócio e o que você pode entregar, mas também, acima de tudo, o que suas equipes podem oferecer aos clientes.

Ouvi dizer que adotamos um tipo de abordagem dispersa, sobre serviços de tecnologia, e que há um desespero de ver outras academias fazendo isso, apenas seguindo e fazendo programas totalmente novos, mas isso só pode dar certo comunicando esses programas por meio da comunicação virtual. É um grande risco se comunicar por videoconferência e assim por diante, porque o entendimento é diferente. Eu sugiro que essa estratégia não é a certa.

A academia do futuro? Novamente, essa é uma grande questão. Eu gostaria de saber. Quando a situação permitir, é importante reinvestir. Eu sei que para alguns de vocês, ouvir isso é um pouco fora da realidade. Mas uma parte essencial dos negócios é “o novo”. Estamos sempre inovando. Grande parte disso são os fabricantes de equipamentos. Todos nós parecemos esquecer, e eu não ouvi ninguém falar sobre eles. Eles formam uma parte crucial dos negócios por meio dos equipamentos e inovação do conteúdo. Então, eu encorajo todos nós, quando pudermos e começamos a obter mais fluxo de caixa e a regenerar nossos negócios, a trabalhar com eles em equipe, porque eles têm sido um importante apoiador de nossa marca e empresa ao longo dos anos. Eu tenho certeza de que para todo mundo também.