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    Poucas semanas após o surgimento da COVID-19, os cientistas já haviam começado a trabalhar no desenvolvimento de uma vacina. No outono, as vacinas da Pfizer-BioNTech e da Moderna estavam liderando a corrida e, em novembro, ambas relataram que suas vacinas eram mais de 90% eficazes na prevenção da infecção por COVID-19 em testes clínicos de fase 3.

    Em dezembro, autoridades de saúde em vários países aprovaram ou forneceram autorização de emergência para o uso dessas vacinas para que profissionais de saúde e grupos de risco recebessem as primeiras doses das vacinas. As primeiras vacinas a serem aprovadas para uso em alguns países foram a Pfizer-BioNTech, a Moderna e a Oxford-AstraZeneca.

    Todas as três vacinas são muito semelhantes e alavancam tecnologia semelhante para oferecer imunidade, em última análise, ensinando o corpo como produzir, reconhecer e destruir as proteínas spike. O coronavírus é envolto nessas proteínas que o ajudam a se prender às células do corpo. Após a imunidade induzida pela vacina, seu sistema imunológico pode reconhecer e neutralizar as proteínas spike, evitando a infecção.

    A vacina da Pfizer é fornecida em duas doses com intervalo de três semanas e deve ser armazenada em temperaturas muito frias, enquanto as vacinas Moderna e Oxford-AstraZeneca são aprovadas para duas doses com intervalo de quatro semanas e podem ser armazenadas em temperaturas de freezer e geladeira mais tradicionais.

    A corrida para a vacinação 

    Na maioria dos lugares onde a vacina está disponível, os profissionais de saúde já começaram a receber sua primeira dose em meados de dezembro, e em janeiro as pessoas com mais de 65 anos também estavam recebendo vacinas, embora as fases de implantação sejam diferentes por país e região.

    A distribuição da vacina está acontecendo em fases, que variam dependendo da região. Normalmente, profissionais de saúde, indivíduos de alto risco, idosos e profissionais essenciais são priorizados antes do público em geral. Dependendo da disponibilidade da vacina e da logística de distribuição. Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, disse em dezembro que antecipa que se 75-80% das pessoas puderem ser vacinadas até o verão (julho/setembro 2021), a imunidade do rebanho da população dos Estados Unidos será alcançada no outono (setembro/ dezembro 2021) e algum nível de normalidade pode retornar no final de 2021.

    Embora outros países possam alcançar a imunidade coletiva em um prazo semelhante, a OMS não espera imunidade coletiva mundial em 2021.

    Alcançar a imunidade coletiva é a chave para o retorno à normalidade - se apenas 40-50% das pessoas receberem uma vacina no mesmo prazo, demorará muito mais para que as atividades sejam retomadas. Os atrasos nas vacinas podem resultar de vários fatores, incluindo escassez, logística de distribuição ou rejeição à vacina.

    É importante lembrar que a imunidade da vacina não é conferida imediatamente. Isso é verdade para a maioria das vacinas, mas como as recebemos quando somos jovens e a população já está em imunidade coletiva para essas doenças, não é uma preocupação. Uma vez que as vacinas de COVID-19 requerem duas doses administradas com várias semanas de intervalo e a imunidade é conferida duas semanas após a segunda dose, poderá demorar até seis semanas entre a primeira dose e a resposta imune.

    O panorama da vacinação no Brasil

    O Brasil também segue na corrida pela vacinação em massa - mas infelizmente, isso está longe de se tornar uma realidade. A instabilidade do Governo Federal e o ritmo lento do Ministério da Saúde em elaborar um plano de vacinação nacional, fez com que o Brasil iniciasse a vacinação com atrasos em relação a outros países.

    Entretanto, o Brasil também pode parabenizar seus cientistas após a ANVISA aprovar a produção para o uso emergencial da CoronaVac, vacina brasileira produzida pelo Instituto Butantan de São Paulo em parceria com a Sinovac, que obteve 78% de eficácia para casos leves e 100% de casos graves nos testes.

    Foto/divulgação: Getty Images

    Outros problemas vieram à tona logo após a campanha de vacinação entrar em curso. A falta de planejamento acarretou em uma má distribuição das doses para as unidades de saúde, alguns locais em situação crítica não receberam doses suficientes, enquanto outras unidades vacinaram fora da ordem prioritária, e a falta de uma fiscalização mais rigorosa viabilizou o “fura-fila” generalizado. 

    O Brasil também está na lista dos países que receberão doses através do Covax, programa internacional criado pela Organização Mundial da Saúde, um consórcio de laboratórios farmacêuticos de diversos países para ajudar na vacinação de países em desenvolvimento. A previsão do consórcio é que o Brasil receba 10.672.800 doses até o final do ano e  15% das doses chegarão até março (1,6 milhão).

    Ademais, o Brasil ainda não possui doses suficientes para imunizar o primeiro grupo prioritário. À medida que a ciência mundial corre para comprovar a eficácia e viabilizar o uso das vacinas, o país tem corrido com a negociação de outras vacinas, como a vacina russa, Sputnik V, e a indiana, Covaxin.

    Nessa semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) declarou o fim da exigência de estudos da fase 3 em andamento no Brasil para autorização emergencial de vacinas no país. Essa medida não suaviza a fiscalização da vigilância sanitária brasileira, mas contribui para agilizar o processo de aprovação de outras vacinas.

    Um benefício para a indústria

    A vacina é a chave para retomar os negócios à normalidade, mas o efeito não será imediato. Provavelmente estaremos lidando com restrições, protocolos e efeitos da pandemia ao longo de 2021.

    No início de janeiro, mais de 14 milhões de pessoas receberam uma dose da vacina em 35 países, de acordo com dados da agência americana de notícias, Bloomberg. Para obter imunidade de rebanho, 75-80% da população deverá ser vacinada.

    Alguns grupos de pessoas, como pessoas ativas, que frequentam academias ou praticam exercícios em casa; os adultos mais velhos; pessoas com problemas crônicos de saúde ou obesidade e pessoas com deficiência, todos eles têm maior probabilidade de terem tomado precauções extras devido ao risco aumentado de contrair o nível mais grave de infecção por COVID-19.

    Felizmente, esses grupos também estão na linha de frente da vacinação. Depois de receberem as duas doses da vacina (e aguardarem duas semanas pela imunidade), esses grupos - assim como seus familiares e amigos que podem estar tomando precauções extras para sua proteção - podem se sentir mais confortáveis ​​voltando às atividades, incluindo ingressar ou retornar para as academias. 

    As precauções do COVID-19 permanecem essenciais

    Entretanto, até que a população alcance a imunidade coletiva, muitas das medidas de segurança em vigor ao longo de 2020, incluindo o uso regular de máscara e distanciamento físico, provavelmente permanecerão até o final de 2021. Ainda não está claro se a vacina protege contra a transmissão de COVID-19 além da infecção. Isso é especialmente importante no contexto das novas variantes identificadas no Reino Unido, na África do Sul, e no Brasil, e muitas outras variantes que continuarão a surgir. 

    Essas novas variantes são até 70% mais transmissíveis e levaram a surtos generalizados em algumas regiões. Não se espera que as novas variantes tenham impacto na eficácia da vacina, embora os cientistas reconheçam que seja possível.

    A chegada da vacina é uma excelente notícia para a indústria fitness, pois permitirá que mais pessoas retornem ou iniciem atividades físicas. Devemos seguir esperançosos e continuar com a nossa missão de  promover a saúde para a população durante todo esse processo.

    Texto por Alexandra Black Larcom

    Tradução e adaptação por Samantha Cortijo