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    CEO da Precor desde 2013, Rob Barker guiou a influente marca durante as dificuldades da pandemia, que acabou em um grande acordo com a Peloton que sacudiu a indústria. Nesta entrevista exclusiva, Barker conta o que a aquisição da Precor pela Peloton significa para as academias e o futuro do mercado fitness.


    CBI: Antes de falarmos sobre a Peloton, como a pandemia afetou a Precor?

    Rob Barker: Em muitos aspectos, é o ano de maior orgulho que tive na Precor, mas também por fazer parte da indústria. É incrível observar como o pessoal da Precor manteve uma mentalidade racional e otimista o tempo todo, embora houvesse muita incerteza. Aprendemos muito sobre nossos valores essenciais, onde nossa bússola moral aponta, porque não existe um manual para isso. Passamos por este ano muito perturbador, mas tivemos bastante sucesso em 2020. Investimos pesado, duplicamos algumas áreas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), especialmente produtos e serviços digitais, como nosso sistema operacional Preva. Continuamos a buscar parcerias com outras empresas para garantir que as pessoas possam levar suas experiências digitais aonde quer que vão. Foi ótimo nos ver avançando, em vez de apenas ficarmos presos por um ano por conta da pandemia.

    CBI: A mudança para um conteúdo mais virtual impulsionou o acordo com a Peloton?

    Rob Barker: Nossa estratégia nos últimos anos sempre foi permitir que nossos clientes atendessem seus alunos 24 horas por dia, 7 dias por semana. Então, quando a pandemia surgiu, acelerou de 5 a 10 anos um processo que já existia. Temos uma das maiores redes de fitness do setor em execução com nosso sistema operacional Preva, que pode obter o conteúdo de qualquer pessoa e permitir que o usuário o personalize. No meio das restrições da COVID-19, fizemos uma grande revisão estratégica. Sabíamos que queríamos mais aporte financeiro dos nossos proprietários, principalmente em áreas onde poderíamos investir mais em conteúdo, e mais ainda na capacitação digital para exercícios. Vimos a oportunidade e procuramos um novo proprietário que pudesse nos ajudar a alcançá-la. E, felizmente para nós, a Peloton se interessou, e o resto é história.


    CBI: Você gostaria de ampliar esse modelo para gerar uma penetração dentro das academias?

    Rob Barker: Sim. No geral, a justificativa para a compra da Precor pela Peloton eram três questões principais. Primeiro, para alavancar nossa fabricação nos EUA, e não apenas sua escala, mas também nossa capacidade de fabricar produtos de alta qualidade. Em seguida, foi a nossa área de P&D. Temos uma grande bancada de Pesquisa e Desenvolvimento que podemos trazer para a empresa. E o terceiro foi nossa capacidade de trazer o Peloton para o ambiente comercial. A Peloton foi questionada por muitos anos por seus clientes: "Posso acessar a Peloton fora de minha casa?" Ao adquirir a Precor, a Peloton obtém esses recursos.


    CBI: Quais são as boas notícias para as academias?

    Rob Barker: A boa notícia é que os gestores de academias têm um lugar à mesa com a Peloton. Estamos muito interessados ​​em entender o que eles desejam. A combinação da Peloton e da Precor dá à Precor mais potência financeira, mas todas as vantagens da Precor permanecem. A academia ainda é um foco de alta prioridade para nós; foi assim que a empresa cresceu. E junto com esses clientes, queremos que mais pessoas sejam ativas e vivam as vidas que desejam. Portanto, é muito importante que as pessoas entendam que a Precor está realmente comprometida em permitir que as academias sejam sempre a melhor versão de si mesmos. E estamos gastando muito tempo e dinheiro trabalhando nisso.


    CBI: Então, os gestores de academias não deveriam ver este acordo como uma ameaça ao seu modelo de negócios?

    Rob Barker: Mesmo que o acordo Peloton e Precor não acontecesse, era para onde a indústria estava caminhando. Basta olhar para os outros grandes jogadores que estão entrando e todo o conteúdo que está disponível - nada é novo. Muitos fornecedores de equipamentos sempre proporcionaram experiências para as pessoas em casa também. A maioria das grandes empresas como a Precor tem uma divisão de home fitness onde vendemos produtos nas casas das pessoas, e isso sempre funcionou. As taxas de retenção são mais altas para pessoas que têm aparelhos de ginástica em casa do que para pessoas que lutam para entrar na academia. O inimigo é o sofá.


    “A boa notícia é que os gestores de academias se sentam à mesa com o Peloton. E estamos muito interessados ​​em entender o que eles querem.”
    - Rob Barker.



    CBI: Você acha que o conceito híbrido é mais uma evolução do modelo ou uma transformação dele?

    Rob Barker: Eu diria que tudo depende da academia, porque algumas academias faziam isso antes da pandemia e verão isso como uma evolução natural; outros, que estavam resistindo, verão isso como um grande passo. O que é relativamente novo é que os criadores de conteúdo podem fazer parceria com outras empresas em vez de pensar que precisam fazer tudo sozinhos. A indústria sempre teve conteúdo, mas se você olhar para empresas como o Peloton e outras, elas possuem mais poder financeiro do que as empresas que só fornecem conteúdo e lutam para fornecer o nível de envolvimento da comunidade que marcas como Peloton garantem. Eu penso da seguinte maneira: quando me hospedo em hotéis Hilton, muitas vezes há uma cafeteria Starbucks no hotel. Em algum ponto, Hilton estava certo ao dizer: "Olha, sabemos que queremos ter uma ótima cafeteria como parte de nossa oferta, por que não nos associamos com a melhor marca de café do mundo ao invés de fazer tudo nós mesmos? " E é esse tipo de evolução que eu acredito estar acontecendo na indústria.


    CBI: Você diria que para as academias de todos os modelos é realmente fundamental fornecer esse tipo de tecnologia para seus membros?

    Rob Barker: Não é uma situação arbitrária. Se observar, o consumo de mídia da maioria das pessoas, verá que não tem “cabo”. Netflix ou Amazon Prime são os principais, e todo mundo tem. Então, vamos chegar em um mundo onde as pessoas vão querer o melhor conteúdo possível de seus provedores de serviços, que podem ter a comunidade mais forte ou falar com eles na linguagem que mais amam.


    CBI: É como se você não pudesse lutar contra o consumidor. Isso é o que eles querem?

    Rob Barker: O consumidor sempre vencerá. O consumidor tem poder final. O consumidor tem dito às operadoras e fornecedores que desejam um ótimo conteúdo onde quer que estejam, e acho que agora isso é geralmente aceito, especialmente após o COVID. Essa é uma boa notícia, não apenas para a Precor. Continuamos a lançar novos produtos e serviços, mas os consumidores também têm a possibilidade de nos dizer o que desejam, e agora temos mais opções através do Peloton para encantar os membros.


    CBI: Como fornecedor global, você tem uma perspectiva única sobre como a pandemia afetou as cadeias de abastecimento globais. Mesmo antes da pandemia, havia problemas com tarifas. O que a indústria pode fazer para superar alguns desses obstáculos em relação às tarifas e algumas outras questões comerciais?

    Rob Barker: Acho que as questões comerciais entre a UE e os EUA, pelo menos temporariamente, parecem estar diminuindo. Em vez de focar nas tarifas, prefiro focar em como nós, como indústria, podemos ser vistos pelos governos do mundo como realmente uma parte da saúde por meio da prevenção. Se fôssemos vistos como mais essenciais e como um serviço de saúde, não teríamos sido fechados como fomos. Fiquei louco por não poder ir à academia.


    CBI: A IHRSA está criando muitas iniciativas para levar as coisas nessa direção. O que mais a indústria pode fazer para criar uma impressão mais forte de que é parte essencial da promoção de saúde?

    Rob Barker: O que as pessoas do setor descobriram foi que precisavam ser muito ativas localmente, tanto no nível estadual quanto no federal. Acho que aprendemos que não éramos tão organizados como deveríamos em nível estadual. Gostaria de nos certificar que nos organizamos bem tanto em nível estadual quanto federal. E tenho paixão em garantir que capacitem as pessoas, especialmente os jovens e as crianças mais velhas, a compreender o valor da saúde e da boa forma como parte de seu processo educacional. Podemos educar essas pessoas corretamente para a vida que desejam.



    CBI: E definitivamente, os equipamentos precisam fazer parte disso.

    Rob Barker: Sim. Estamos todos juntos, isso é certo. Sou um otimista racional, mas acho que, como indústria, especialmente no lado das academias, não temos 18 meses fáceis pela frente. Existem muitas pessoas por aí que têm mais dinheiro no bolso para gastar, contanto que possamos oferecer a elas o conjunto certo de serviços personalizados. Essa será uma grande tendência. Quando as pessoas voltam para as academias, elas esperam um apoio para o bem-estar geral, em vez de apenas o tradicional, "Eu vou lá para treinar", e se não formos, outras empresas vão entrar e começar a tirar o valor do setor.


    CBI: Então você vê um futuro brilhante à nossa frente?

    Rob Barker: Sim. Tivemos que enfrentar essa tempestade incrivelmente forte no ano passado, que vai continuar por um tempo, mas a luz está definitivamente no fim do túnel. Quero agradecer muito à equipe da Precor pela maneira como fizeram as escolhas difíceis que foram necessárias para nos colocar no melhor lugar onde estamos agora.


    Entrevista "Betting Big on the Future" por Jim Schmaltz para a Revista CBI. Maio 2021. pág. 35.
    Tradução e adaptação por Samantha Cortijo para IHRSA Brasil.