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    Revisamos três estudos que mostram como a inatividade física pode afetar os resultados do COVID-19. Veja o que as evidências dizem sobre a atividade física e o risco da doença de Alzheimer, e o benefício de adicionar exercícios à terapia comportamental para o tratamento da depressão e ansiedade.

    Como a pandemia de COVID-19 persiste, manter um estilo de vida fisicamente ativo continua sendo um desafio. No entanto, sabemos que o exercício é uma medida fundamental para ajudar a prevenir condições crônicas de saúde que ainda afetam milhões de pessoas e agravam os quadros de COVID-19. 

    Nessa matéria trouxemos algumas evidências sobre o impacto da atividade física em vários aspectos do COVID-19; uma revisão das evidências sobre uma série de fatores - incluindo atividade física - associados ao risco de doença de Alzheimer; e um estudo que analisa a eficácia de se incluir a atividade física na terapia comportamental para depressão e ansiedade.

    A relação entre inatividade física e COVID-19

    Dada a novidade do vírus SARS-COV2, que causa o COVID-19, não é surpreendente que não haja muitos estudos sobre a relação entre a atividade física e os resultados do COVID-19. Um artigo publicado na Sports Medicine and Health Science analisa as evidências disponíveis sobre o impacto do COVID-19 em vários sistemas fisiológicos e qualquer relação potencial com a atividade física.

    Sistema imunológico

    A atividade física moderada pode reduzir a suscetibilidade a infecções do trato respiratório superior, melhorando a saúde do sistema imunológico. Os autores observam que, embora mais estudos sejam necessários para avaliar a ligação entre a atividade física antes do diagnóstico do COVID-19 e os resultados do COVID-19, o exercício durante a pandemia é recomendado e também pode ajudar a mitigar algumas comorbidades, como diabetes e obesidade.

    Trato respiratório

    Em casos graves de COVID-19 que requerem hospitalização, 54% dos pacientes apresentam insuficiência respiratória e mais de 30% requerem ventilação mecânica. Pessoas em ventilação mecânica por longos períodos podem desenvolver um diafragma enfraquecido, tornando mais difícil retirá-los do ventilador. Não se sabe se a atividade física altera a estrutura e a função do pulmão e das vias aéreas, entretanto, o treinamento de resistência pode promover adaptações bioquímicas que ajudam a proteger contra desafios, incluindo a ventilação prolongada. Em um estudo, apenas 10 dias consecutivos de treinamento aeróbio forneceram proteção estatisticamente significativa contra o enfraquecimento do diafragma. Em teoria, isso significaria que indivíduos treinados que requerem ventilação mecânica teriam alguma proteção contra um diafragma enfraquecido e, portanto, teriam menos desafios ao sair do ventilador.

    Sistema cardiovascular

    Com o COVID-19, os exercícios podem ter efeitos positivos e negativos. Ao se recuperar do COVID-19, algumas pessoas sofrem danos cardíacos (como miocardite ou inflamação no músculo cardíaco, que afetou vários atletas profissionais e universitários). Esse dano cardíaco pode aumentar o risco de morte cardíaca súbita durante o exercício e pode se estender por toda a vida.

    Por outro lado, a atividade física promove a saúde do coração e a longevidade. Os autores recomendam que pessoas saudáveis ​​durante e após a pandemia “permaneçam fisicamente ativas e se exercitem socialmente distantes quando estiverem bem, parem os exercícios quando desenvolverem sintomas ou sinais de infecção e retornem à AF e façam exercícios lentamente após a recuperação”.

    Saúde mental

    Os autores também discutem os efeitos prejudiciais da depressão relacionada à quarentena e concluem que “a prática regular de atividades físicas podem atenuar os sintomas e as consequências da depressão induzida pela quarentena e distúrbios traumáticos com efeitos neuroprotetores sistêmicos, complexos e poderosos”.

    No geral, os autores recomendam sessões de exercícios de intensidade moderada e até 45 minutos de duração para a saúde imunológica e aconselham os idosos a fazer pelo menos 30 minutos de exercícios moderados duas a três vezes por semana.

    A atividade física pode desempenhar um papel na prevenção da doença de Alzheimer

    Aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com a doença de Alzheimer, um tipo de demência. Alguns relatórios sugeriram que a incidência e prevalência da demência diminuíram nos últimos anos, mas as evidências de medidas de prevenção eficazes são amplamente inconsistentes. Um estudo publicado no Journal of Neurology, Neurosurgery, & Psychiatry  conduziu uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais de longo prazo. Os autores revisaram um total de 396 estudos.

    Os autores realizaram meta-análises em 134 fatores de risco, incluindo:

    • Diabetes;
    • Histórico de tabagismo;
    • Índice de massa corporal (IMC);
    • Atividade física;
    • Folato sérico;
    • Exposição a pesticidas;
    • Pressão arterial, entre outros.

    A análise encontrou 43 fatores que mostraram uma associação estatisticamente significativa com o risco de doença de Alzheimer, 80% dos quais modificaram o risco em pelo menos 25%. A atividade física foi um desses fatores, a análise encontrou um risco reduzido de 36%.

    Além disso, alguns dos fatores associados a um maior risco de Alzheimer podem ser prevenidos ou mitigados em vários graus através de um estilo de vida fisicamente ativo. Esses fatores incluem:

    • Diabetes;
    • Obesidade na meia-idade;
    • Hipertensão na meia-idade;
    • Acidente vascular cerebral (AVC);
    • Colesterol alto.

    O exercício pode ser um complemento eficaz para a terapia comportamental da depressão

    Um estudo publicado na revista Behavioral Sciences analisou o efeito de intervenções de exercícios combinados com terapia comportamental para tratar ansiedade e depressão. A análise incluiu participantes com ou sem comorbidades - como HIV ou doenças cardíacas - e com ou sem níveis elevados de depressão. As terapias comportamentais incluíram terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia e gerenciamento de estresse, entre outros, e as intervenções de exercícios incluíram apenas exercícios aeróbicos (nove estudos), exercícios de resistência (dois estudos) e exercícios aeróbicos e resistência combinados (seis estudos). No total, a revisão sistemática e meta-análise incluíram 18 estudos envolvendo 1.686 participantes.

    De acordo com os resultados, a terapia comportamental combinada e a intervenção com exercícios mostraram um benefício estatisticamente significativo em comparação à terapia comportamental isolada para pessoas com depressão. Especificamente, a intensidade moderada do exercício e intervenções aeróbicas apenas combinadas com terapia comportamental foram associadas a melhorias na depressão. O resultado foi mais pronunciado em participantes com mais idade. Não houve diferença entre os grupos para pessoas com ansiedade.

    A depressão geralmente ocorre junto com outras condições crônicas de saúde, muitas das quais os exercícios estão associados a benefícios para a saúde física e mental. Os autores concluem que adicionar intervenções de exercícios à terapia comportamental existente para pessoas com depressão pode ser uma maneira barata e eficaz de aumentar os benefícios do tratamento.

    Aproveite ao máximo os benefícios da atividade física

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    Texto por Alexandra Black Larcom

    Tradução e adaptação por Samantha Cortijo