QUERO ASSOCIAR

    Quando se trata de proporcionar segurança e conforto a clientes com necessidades especiais, o cuidado com os detalhes é tão importante quanto os ajustes em grande escala. Para Cuoco Black, fundador da Cuoco Black Design, localizada na cidade de Nova York, novos projetos de vestiário já consideram as necessidades físicas dos frequentadores.

    “As pias têm que estar muito altas, os corredores bastante largos, o acesso aos puxadores facilitado e por aí vai. Mas, para algumas pessoas, especialmente aquelas que se sentem intimidadas pelo ambiente, há outro nível que precisa ser considerado: questões como a privacidade e como os cinco sentidos são afetados”, opina.

    Iluminação e o fator emocional

    Rudy Fabiano, CEO da Fabiano Designs em Montclair (NJ), complementa que pessoas com necessidades especiais relacionadas à visão, questões emocionais, ou até mesmo localizadas dentro do espectro do autismo podem perceber os ambientes de forma diferente.

    “Luz, som e outras sensações podem afetar essas pessoas com mais intensidade. Então essa é uma questão que precisa receber atenção”, afirma ele.

    Ajustar a iluminação é uma das mudanças mais simples de ser fazer em um vestiário para torná-lo mais confortável.

    “As diferentes temperaturas kelvin descrevem os efeitos fisiológicos da luz, produzindo percepções de frio ou calor a partir da luz emitida e das superfícies iluminadas”, continua Fabiano. “Quanto mais alto o número, mais fria é a luz”.

    O varejo, por exemplo, utiliza luzes frias nos ambientes para tornar a aparência dos produtos mais brilhante e amplificar as cores.

    “A luz ofuscante encontrada em muitas academias foi inspirada nas grandes redes varejistas, que a utilizam para iluminar os espaços a um menor custo”, revela Black.

    “Eu diria que luzes mais quentes trazem sensações de bem-estar e calma que poderiam ser perdidas com o uso das tradicionais luzes frias”, complementa o idealizador da Cuoco Black Design.

    Proteção à privacidade

    Privacidade importa tanto quanto a iluminação, mas é ainda mais importante para esse segmento em particular. A disposição de elementos de vestiários comuns não a favorecem. Elas tipicamente seguem configurações lineares e retangulares que se assemelham às letras L e T, geralmente em um espaço aberto e público.

    “É um cálculo previsível que resulta em uma concentração de armários em um piso fixo”. Se o espaço permite, proprietários de academias podem considerar a implantação de pequenos vestiários, áreas semiprivadas, com uma quantidade menor de armários, localizada do lado de fora do vestiário principal. Essa solução pode “proteger do ritmo frenético geral de fora”.

    Chris Craytor, presidente da acac Fitness & Wellness, uma rede de 12 academias com base em Charlottesville (VA), compartilha a mesma opinião. “Algumas pessoas, por uma série de razões, precisam de mais privacidade. Outras necessitam de áreas privativas maiores porque precisam de assistência. Nós oferecemos as duas opções de vestiário”.

    Black acrescenta que há uma variedade de outras soluções na arquitetura que podem atender a essas pessoas. Ele recomenda posicionar espelhos, estrategicamente, para reduzir a exposição, abaixar o teto das instalações para aumentar a sensação de segurança e utilizar materiais mais suaves nos pisos para trazer uma sensação menos institucional.

    Convicções sólidas

    O Claremont Club, uma instalação de 8400 m² e múltiplos propósitos, localizada no estado da Califórnia, tem feito da inclusão sua missão e da acessibilidade um objetivo chave. O empreendimento atende às necessidades de diferentes clientes, como aqueles com lesões na medula espinhal, esclerose múltipla, paralisia cerebral, esclerose lateral amiotrófica, esclerose lateral primária, lesões traumáticas no cérebro, acidente vascular encefálico, doença de Parkinson, câncer, diabetes e obesidade.

    “Acreditamos que todas as academias poderiam ser inclusivas e acessíveis para receber todas as pessoas, incluindo aquelas com lesões ou doenças”, diz o presidente e CEO Mike Alpert.

    Para tornar suas convicções em realidade, no ano de 2014, o Claremont Club empreendeu uma iniciativa de três anos, voltada a promover a arquitetura acessível para todas as suas unidades.

    “As mudanças nos vestiários incluíram tornar as bancadas suficientemente baixas para que cadeiras de rodas possam facilmente se encaixar abaixo delas, permitindo que as pessoas que as usam possam lavar as mãos”, explica Alpert.

    “Muitos dos chuveiros também se tornaram acessíveis a cadeiras de rodas, por meio de assentos de banco ajustados, corrimãos e duchas mais baixas. Saunas secas e a vapor foram equipadas com portas mais largas, as cabines individuais dos banheiros foram aumentadas e as louças sanitárias elevadas. O espaço entre os armários foram aumentados para melhorar o fluxo”, completa o CEO.

    Entender a perspectiva do outro

    Outras empresas afiliadas à IHRSA também estão apostando na acessibilidade. A Atlantic Club, por exemplo, localizada em Manasquan (NJ), está oferecendo serviços a pessoas com a doença de Parkinson.

    “Adaptamos os vestiários de diversas formas. Temos mais armários em nível mais baixo e mais espaço para pendurar os pertences dos frequentadores. Também temos pias mais baixas e alargamos os corredores em frente aos armários”, relata o COO, Kevin McHugh.

    Em uma reforma anterior, a academia já havia convertido vestiários familiares em espaços totalmente adaptados às pessoas com deficiência, incluindo as que utilizam cadeiras de rodas. Os chuveiros também foram adaptados.

    “Eu poderia mencionar muitos outros aspectos, mas, basicamente, para criar um ambiente acessível, precisamos enxergar com os olhos dessas pessoas, até nas menores coisas”, diz Craytor.

    A acac segue realizando os ajustes finos para a plena acomodação desse público. Os vestiários contam com bancos mais largos e customizados, ladrilhos mais seguros em relação ao coeficiente de deslizamento, entre outras modificações que facilitam o acesso.

    “Torneiras automáticas, por exemplo, são ótimas. Mas, podem ser ainda melhores se permitirem o ajuste manual da temperatura. As maçanetas das portas também podem ser substituídas por alças... Quando se trata de acessibilidade esse nível de detalhe é muito importante, conclui o presidente da acac.

    Confira o texto original (em inglês), na revista CBI. Perdeu a primeira parte da matéria? Leia mais aqui.